O telefone toca.
- Casa
Branca, em que posso ajudar?
- Chama o
Barack, é urgente.
- Quem
gostaria? (em inglês deve ser “Who would like it?”).
- É
Michelle, rápido que eu estou com uma pessoa no outro telefone e preciso dar
uma resposta imediata.
- Desculpe,
senhora, mas este é o celular privativo da família. Eu só posso transferir
ligações de...
- É a
Michelle Obama, O-ba-ma, entendeu, sua abestada? (não sei exatamente
qual é o equivalente a “abestada” no idioma de Shakespeare)
***
Esse tipo de
coisa, naturalmente, ocorre a toda hora. Por exemplo, deu no jornal que o
Príncipe Andrew, quinto na lista de sucessão ao trono da Grã-Bretanha, foi
confundido com um intruso e abordado por agentes da Scotland Yard nos jardins
do Palácio Real.
- Ei, você
aí, os documentos.
- Quem, eu?
- Você sim,
engraçadinho, os documentos na mão, agora!
- Deixei em
casa.
- Tu tá
querendo levar um tabefe, ô mau elemento? Identifique-se!
- Eu sou o
Príncipe Andrew. (na língua de Harry Potter “I am Prince Andrew”)
- Que Prince
o cacete! Então canta aí “Chuva ácida”!
- Ô Almeida,
não é ácida, é púrpura. A canção se chama “Purple rain”.
- Ih,
Sargento, é mesmo, eu misturo essas coisas desde que o Al Gore passou por aqui.
Canta aí, marginal, canta!
-
Cavalheiros, eu não sou cantor, sou o Príncipe Andrew, Duque de York, filho da
Rainha Elizabeth.
- Chiii,
Almeida, o cara se parece com o príncipe.
- Caraca!
(em inglês “Cahrêica”). É mesmo, Sargento! Alteza, pelamordideus, me desculpe,
é esse maldito sol na cabeça e, além do mais, anteontem um salafrário escalou o
muro do palácio e quase entrou aqui, deu um trabalhão, ele gritava que queria
pedir um emprego de pajem, nunca se sabe de onde vem as ameaças, né, Sua Alteza
Re... Principal... Ducal... quer dizer...
- Cala a
boca, Almeida. Meu caro príncipe, queira perdoar nossa atitude desrespeitosa.
Vossa Alteza receberá imediatamente um pedido oficial de desculpas da Scotland
Yard.
- Tudo bem, Sargento, já que é assim você se incomodaria de pedir ao Almeida para
tirar o cano desta pistola da minha orelha e largar o meu pesoço para que eu
consiga me levantar da grama? Assim, deitado de bruços, está me dando câimbra.
Dias depois,
segundo o jornal inglês The Guardian,
o príncipe se disse “agradecido” pelas desculpas da polícia e acrescentou que
eles têm um trabalho muito difícil. De fato, convenhamos que reconhecer um dos
filhos da Rainha da Inglaterra nos jardins do Palácio de Buckingham não é nada
fácil, mesmo para um agente encarregado da segurança da família real.
Depois essa gente impaciente ainda reclama das telefonistas que, ciosas de seu difícil trabalho,
sempre perguntam “Quem gostaria?” quando atendem alguém. Imaginem se um maluco
qualquer, desses que se dizem príncipes da Inglaterra, consegue falar com o
sub-secretário do assessor do vice-chefe do Serviço de Assistência ao Cliente
de uma firma que vende aspiradores de pó pela Internet, transação essa de incalculável
importância estratégica e envolta em tamanho sigilo que nem a Agência de
Segurança Nacional dos Estados Unidos consegue penetrar com seus poderosíssimos
computadores espiões.
Como diria o
príncipe, muito agradecido por sinal, o preço da liberdade é a eterna
vigilância.
Rafael Linden
Simplesmente sensacional...
ResponderExcluirObrigado, Guilherme.
Excluirabs
“Purple rain” achei que fosse "raio" hsuhsuhsu
ResponderExcluirPois é, o Almeida também se confundiu...
Excluir:-)
Magnifico o texto... parabéns ao Rafael (Autor), adorei!
ResponderExcluirObrigado, Elenice. Volte sempre.
ExcluirR
:))) Como sempre!
ResponderExcluirObrigado, querida. Sou um blogueiro agradecido...
Excluir:-)