O pequeno
Ademar adora esportes. Mas, tirando jogo de bola e briga de soco, não tem a
menor idéia do que se trata. Ainda assim, nas férias plantou-se diante da TV,
controle remoto na mão, para acompanhar os “Jogos Límpidos”.
- Ô menino,
são jogos olímpicos.
- Eu sei,
jogos límpidos. É porque não vale dópe, nem roubalheira.
- Não,
garoto. São olímpicos, entendeu? “Ô”límpicos. Ou Olimpíadas.
- Ah, tá. É
inglês, né?
Satisfeito
por ter aprendido uma língua estrangeira, cravou os olhos no judô. Quando o
atleta da Noruega deu uma banda num guatemalteco, o Ademarzinho exultou.
- Aí,
noruégua! Acabou com o cara!
- Não acabou
ainda, foi só um yuko.
-
Os golpes são Yoki, Casaca e Pimpão, né?
- Os nomes
são esquisitos, mas o que você quis dizer é Yuko, Waza-ari e Ippon. Isso aí são
os pontos. Ganha quem fizer mais deles, ou então quem derrubar o adversário de
costas, que vale um ippon, como se fosse um nocaute.
- Esses
caras são frouxos, se fosse eu dava logo um chute na orelha.
- Não vale
no judô.
- Mas no
uéficê vale. Eu gosto mais.
Ele muda de
canal e começa a acompanhar a ginástica artística.
- Que
negócio é esse de homem dançando?
- São os
exercícios de solo, Ademar. Presta atenção nos saltos mortais. Não é qualquer
um que faz isso, não.
- Não
entendi porque o chinês ganhou.
- Os juízes
deram nota mais alta para ele.
- Nota? Por que, tem professora? E pra que juiz? É um de cada vez, ninguém faz falta no
outro, não tem impedimento nem...o que é isso?
O garoto
mudou de canal sem querer e entrou na semifinal da ginástica rítmica.
- Essas louras misturam bambolê com bola de borracha e ficam jogando pro alto. Parecem focas de circo. Não gostei, não, vou mudar
de canal. Caraca, elas estão se afogando!
- Não, Ademarzinho,
olha lá. Elas voltaram de novo, é nado sincronizado.
- Se é pra
ficar em cima d’água, pra que elas afundam de cabeça pra baixo?!
E por aí
foi, o menino desesperado, procurando em todos os canais algum jogo de bola ou
briga de soco. Passou pelo polo aquático (tá calor? tem que ser na piscina?), pela prova de sprint no ciclismo (o japonês que estava na frente ficou andando devagarinho e olhando feito besta pro outro, perdeu), pelo halterofilismo (vivem me dizendo pra estudar senão vou ter de carregar saco de cimento, e esses
brutamontes fazem isso porque querem...), arco e flecha (se botassem um índio
aí ganhava de todo mundo). Só se invocou mesmo com o badminton.
- Uns homens
do tamanho do meu pai, brincando de tamborete. Essa porcaria não tem graça
nenhuma. Eu quero ver o Mengão.
E daqui a dois anos tem as Olimpíadas de inverno. Não posso perder o comentário do Ademarzinho na hora em que aparecer o curling.
Rafael Linden
Rafael, meu amigo, texto divertido, engraçado. Gostei muito. Abs
ResponderExcluirCarlos Olguin Naschpitz
Obrigado, Carlos
Excluirabs
R
Olá Rafael.
ResponderExcluirÓtimo texto, já publiquei no Teia.
Até mais
Obrigado, amigo
ExcluirR
Sensacional o texto... meus sinceros parabéns ao autor! Uma arte 'indenominável'!!!!
ResponderExcluirObrigado, Fabricio. Volte sempre!
ExcluirRafael
Rafael, o texto tem humor e os diálogos são vivos. Gostei. Abraços, Maria Lucia Wurm.
ResponderExcluirObrigado, Maria Lucia. Volte sempre!
Excluirabs
R
O Ademarzinho podia ver a esgrima. Tem um aplicativo que deixa as espadas iguais ao sabre de luz...
ResponderExcluirO Ademarzinho podia ver a esgrima. Tem um aplicativo que deixa as espadas iguais ao sabre de luz...
ResponderExcluirEle ia adorar!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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