Entre tantas
coisas interessantes que andam acontecendo por aí, o dia dezenove de outubro deste
agitado ano de 2013 marcará o centenário do nascimento de Vinicius de Moraes.
Poeta, compositor, dramaturgo, jornalista e diplomata. E boêmio. E mulherengo
inveterado. Mas, do muito que ele fez em vida, quando alguém grita “Vinicius!”
no meio da rua, é da poesia que a gente se lembra. A não ser que o gritado seja
algum malandro que, por via das dúvidas, saia em disparada para fugir da
polícia.
De tudo ao
meu amor serei atento. Tati, Regina, Lila, Maria Lúcia,
Nelita, Cristina, Gesse, Marta e Gilda que o digam, cada uma alvo de terna
atenção por algum tempo. Isso contando apenas o que está registrado, fora
sabe-se lá quem. Outro dia recebi uma mensagem de spam que dizia “se quiser
aprender como conquistar todas as mulheres, visite a página do fulano de tal…”.
A patroa não ia achar graça nenhuma, mas de qualquer jeito duvido que funcione.
Fulano de tal não é o poetinha, que sabia das coisas.
E com tal
zelo, e sempre, e tanto. Sei lá quanta energia Vinicius realmente dedicava à
diplomacia. Imagino sua impaciência durante o expediente no consulado, o enfado
ao enfrentar cerimônias de terno e gravata, em meio a tanta gente chata, o
pensamento longe dali, maquinando as estrofes que penetram nos corações
românticos como uma britadeira. Versos que flutuam no ar por sua própria conta,
ou animados pelas melodias de Tom, Baden, Toquinho, João, Chico ou Carlinhos.
Que não seja
imortal, posto que é chama. Nosso poeta resolveu, desde cedo, que viveria tudo e
todas em cada vão momento. Fumou desbragadamente, bebeu todo o uísque que
encontrou pela frente, amou com as forças que tinha, sempre, tanto. Dissolveu em
álcool e tabaco a ameaça de envelhecer demais. Acabou por nos deixar antes
do que devia, pois calculem o que cada ano a mais de sua vida significaria para
a poesia, para a música popular, para as noites ao luar em acampamentos na
sub-sede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, ou em qualquer outro lugar,
para as transcrições de poemas em cartões de envio de flores ou, sejamos mudernos, para os SMS românticos.
Dizem por aí
que não há bem que não se acabe. Nada mais falso. O bem que o poetinha nos fez
não se acabou em junho de 1980 quando, de repente, o sangue parou de correr em
suas veias. Não há como substituí-lo, nem como continuar sua obra. Mas o que
ele escreveu, declamou e cantou, continuaremos lendo, ouvindo, cantando. Enquanto
o sangue correr dentro de cada um de nós. Nada do que acontece ou ainda vai
acontecer, por mais importante que seja, nos privará de reviver a
emoção da primeira leitura, da primeira audição da obra de Vinicius de Moraes. Nem mesmo em face do maior encanto. Ele foi infinito enquanto durou. E vai durar infinitamente.
Rafael Linden
Me emocionei...
ResponderExcluirUm beijo
CG
Pois é, ele continua infalível, né?
Excluirbeijo
R
Sim, mas desta vez a emoção foi evocada por você com seu lindo texto :)
ExcluirA real promenade...
Bj
C
O que seria de mim sem amigos queridos...
Excluirbjs
R
Um grande gênio brasileiro!!!
ResponderExcluirSem dúvida.
ExcluirObrigado pela visita,
R
Vinicius de Moraes... um imortal!
ResponderExcluirAdorei o texto, magnífico!
Obrigado, Ana. Volte sempre.
ExcluirR
Realmente, como já foi dito, perfeito o texto!
ResponderExcluirParabéns!
Obrigado, Anônimo. Volte sempre,
ExcluirR
Que maravilhosa crônica, Rafael! Adorei! Se desejar, coloque essa preciosidade lá no site! Lindo mesmo,meu amigo! Grande abraço! Cris
ResponderExcluirObrigado, querida.
Excluirbeijos
Rafael