Os puristas dirão que os Quarry Men já existiam em 1957, que em
1960 já tinham sido Johnny and the
Moondogs, Beatals, Silver Beetles, depois Silver Beatles, que no mesmo ano perderam o prateado e tornaram-se Beatles, e que em 1961 já tinham gravado
faixas exclusivas entremeadas com acompanhamentos no disco Tony Sheridan and the beat brothers. Mas, com seus cabelos de cuia,
quatro garotos ingleses só viraram os Beatles
mesmo com a contratação pelo produtor George Martin (o "quinto Beatle"), a consolidação de Ringo
Starr como baterista e o lançamento do compacto Love me do, tudo isso entre 6 de junho e 5 de outubro de 1962.
Portanto, com vossa licença, neste ano
da graça de 2012 eu comemoro o cinquentenário dos Beatles. Quem quiser que conte outra.
Se John, Paul, George e Ringo, ainda juntos,
construiram uma página significativa da história da música pop no século XX,
mais ainda sua música foi (e ainda é) trilha sonora da história pessoal de cada
um que viveu os anos 60 e 70. Mesmo quem nasceu depois tem suas prediletas,
dentre as canções compostas ou interpretadas pelos Fab Four. E aquela, que o besourinho cantava o dia inteiro
dentro do ouvido, variava com o dia da semana, os últimos eventos na casa, na
praia ou na fazenda, e o estado de espírito de cada um.
Quando batia a solidão, era o
momento do Pastor McKenzie escrever as palavras de um sermão que ninguém iria
ouvir1. Ou do homem que fazia planos para ninguém2. Ou de se tocar que, quando jovem, nunca
precisou dos outros, mas agora não se sente lá tão seguro3.
Uma rejeição fazia com que, embora você
risse e se comportasse como um palhaço, por baixo da máscara tinha a fisionomia
triste, e não sabia se suas lágrimas eram por ela ou por você mesmo4.
E queria voltar a ser inteiro, da metade que ficou5. Implorava que
o tempo retrocedesse à noite anterior, da qual queria se lembrar para sempre6.
Para se animar, a alguns bastava
ouvir “Deixe estar...”, sábias palavras7, outros precisavam de um
empurrão entusiástico para embarcar numa louca viagem8. De súbito,
ressurgia a esperança de dar a volta por cima, pois a vida é curta, não há
tempo para ninharias, dá-se um jeito9. E o céu voltava a ser azul,
resgatando a apreciação das pequenas coisas que nos encantam, como o barbeiro feliz
que faz questão de mostrar as fotografias de todos os penteados que sua tesoura
moldou10.
Quando a miséria do mundo nos tocava
em meio a ilusões coletivas, por vezes dava uma vontade danada de fechar os
olhos para viver tranquilo11 – e para não ser tomado como um daqueles
tolos de quem ninguém gosta, mas devia gostar pois, ao contrário dos que tem a
cabeça nas nuvens, percebiam o sol a se por e o mundo a girar12.
Assim, tantos de nós, trilhando nossa estrada íntima, cheia de curvas13, obstáculos, alegrias e tristezas, desejos e saudades, planos e recordações, temos passado nossas vidas acompanhados da música dos Beatles.
Assim, tantos de nós, trilhando nossa estrada íntima, cheia de curvas13, obstáculos, alegrias e tristezas, desejos e saudades, planos e recordações, temos passado nossas vidas acompanhados da música dos Beatles.
Nem parece, mas já faz meio século.
Qual é a sua canção? De minha parte, hoje foi um dia comum, e eu ouço o
besourinho corromper verso e rima, a cantar “Dear Sir or Madam will you read my...blog14,
it took me years to write, will you take a
look”...
Rafael Linden
Adorei!!!!
ResponderExcluirE qual é sua música de hoje?
Excluir:-)
"Os Beatles de cada um"... pois é, a canção de hoje me absorveu de outra forma, de maneira distante do Rock. Acontece que cada vez que regresso de Cuba permaneço por certo tempo sob a embriaguez do que vivi. Estes dois dias estava absorta lendo versos de Nicolás Guillén e ouvindo Pablo Milanés, com sua genial interpretação de Guillén. Música de hoje, fica eleita "Canción" por Pablo (ou ainda "Como se fosse a primavera" na genialidade do Chico).
Excluir¡De qué callada manera
se me adentra usted sonriendo,
como si fuera
la primavera!
(Yo, muriendo.)
Y de qué modo sutil
me derramó en la camisa
todas las flores de abril.
¿Quién le dijo que yo era
risa siempre, nunca llanto,
como si fuera
la primavera?
(No soy tanto.)
En cambio, ¡qué espiritual
que usted me brinde una rosa
de su rosal principal!
¡De qué callada manera
se me adentra usted sonriendo,
como si fuera
la primavera!
(Yo, muriendo.)
É linda mesmo, Carmem.
Excluirbeijo
R
A minha é Let it be, pois sempre acredito que as coisas vão ficar melhor, então... let it be.
ResponderExcluirAdorei o texto! Grande conhecedor dos Beatles! E muito criativo!
Obrigado, Marluzis!
Excluirbj
R
Parece que foi ontem!!!Yesterday!!!Mas amanhã eu seguirei o sol.
ResponderExcluirSeguiremos todos!
ExcluirObrigado pela visita
R
Olá Rafael.
ResponderExcluirPost divulgado no agora Portal de blogs Teia.
Até mais meu amigo
Obrigado,
ExcluirR